terça-feira, 25 de agosto de 2009

(as)simétrico

..................................Verso

.......................Atrai...............Contra

..................................Verso

..............Embora.............................Opõe

................................Inverso

.......Jamais.........................................Certo

.............................. Adverso

..............Gerando......................Tornado

.............................. Universo

à tarde o mundo é comovente

ainda me apaixono como um adolescente
como guri cabaço escrevo poemas

para os grandes
eu acho
a tarde seria a idade
e cada linha uma catedral

eu nem penso em ser grande
na verdade
agora
eu queria me contrair num pontinho bem pequeno
depois sumir

cansado de metáforas inteligentes e grandiosidade eloqüente
como um guri cabaço quero escrever poemas

à tarde cai a luz mais triste
eu vejo a morte chegar

a tarde
pra mim
é um momento do dia
é um som
é uma certa luz que meus olhos viram na cidade
refletindo prédios nos vidros dos carros que passam

a morte não é minha, mas de algo que preciso matar

tem esse menino que agora vive dentro de mim
às vezes ele aparece ao lado de uma mulher
se todos se dão as mãos, é bonito

mas nem todos enxergam o menino
e muitos que o percebem recebem seus dedos com medo

com pouco esforço pode-se responder à pergunta de Neruda:
“como se chama uma flor que voa de pássaro em pássaro?”

seu nome é maioria

e quando ela volta
quer segurar minha mão
mas
você sabe
são tantas mãos no mundo
tanta publicidade e desejo
que a gente continua procurando
mesmo depois de encontrar

das duas mãos eu te dou uma
esse menino não

olho pra baixo
o menino sorri
ele é tão lindo
penso
talvez ela mude de idéia

mas lá vai ela procurando
e que culpa tem um pássaro (ou uma flor) de voar?

esse menino dentro de mim
ele é estranho
ele fica doente com uma das mãos vazias
então ele me arranha
ele zomba de mim
e diz coisas maldosas no meu ouvido

à tarde, triste, eu penso
quantas crianças doentes já tive no colo?

à tarde eu subo o barranco
de um precipício que eu já conheço enxergo o chão lá embaixo

no meu colo
lá dentro
o menino ri
ele sempre imagina que eu não vou ter coragem
ele está quase certo
mas está sempre errado
e cada vez que ele volta lá de baixo
é um pouco mais deformado

e eu sempre penso
oh, mundo lindo
vem pra cá, moleque
que agora eu vou te curar
vou te fazer um mimo

e então lá vai moleque
precipício abaixo de novo
morrer espatifado
lentamente e doloroso

e eu sinto, porra
é claro que eu sinto
cada osso que o menino quebra é meus cabelos que se vão
e meu peito chora com ele
e dói pra burro
e blá, blá, blá...

à tarde a luz é comovente
e meus olhos observam tudo com uma frieza crescente que me dá medo
e que de forma alguma eu quis pra mim

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Influências...

O Estadão publicou um mapa com todos os músicos influenciados por Raul (como Rita Lee e Ney Matogrosso) ou que o influenciaram (como Lennon e Ono). Vale a pena conferir!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

rua

| pela esquerda vou trabalhar || |
| || pela direita vou pra casa |
| todo dia || passo pelos dois lados |
| é mão dupla || |
| || da uma canseira do caralho |

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

sábado, 15 de agosto de 2009

Poema Visual

Pão
Pãov
Pãovo
Pãoc'ovo
Pãocovo
Pãocomovo
Bread
Breade
Breadeg
Breadegg
Breadn'egg
Bread'n'egg

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

sanfoninha

rock da sanfona...

http://www.youtube.com/watch?v=Jp6WfASN7c0

me amarrei nesse disquinho.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Acuidade



















































































Vento, ventania, venta.

O homi passa sem pedir licença

Ignorando o cosmo a falar.

Vento, ventania, venta.

O cosmo fala ainda mais alto,

E os homi segue sem atinar

Qui o vento fala sem parar.

É só escutar, escutar, escutar...

E lá vai o bonde

Alguém mandou acionar o bonde.

E lá vai ele de novo, depois de um ano, carregando de tudo um pouco.

Das coisas que transporta, é possível vislumbrar de longe, meio dependurado, batendo contra o corpo do veículo, que não é de metal, nem de madeira, nem de pedra, nem tampouco de marfim, pequenos versos entrelaçados quase arrastando nos trilhos e vulneráveis ao menor solavanco. O apreensivo espectador, muito íntimo deles, despede-se com um aceno e reza que eles tenham força suficiente para seguirem firmes e não ficarem pelo caminho.

Três jeitos

Num abraço dado
Espreme forte
Que toda saudade escorre.

Dum afago suave
Agita a poeira,
Descobrindo o dia.

Ao piscar confiante
Encerre alguém
Num eterno instante.